31 de dezembro de 2008

Até já em 2009

Com o registo da investida a Serralves e pelas mãos de Muñoz, ficamos suspensos no tempo à espera das doze badaladas.

A todos um bom ano e até já, já em 2009!

( )s

S.S.S.


24 de dezembro de 2008

Ode ao Natal


«Nevrose Nocturna» (Excertos), Gomes Leal


- Bela! dizia eu, como um navio à vela,
para um país polar, por um silêncio amigo.
- Bela! como uma estátua e gélida como ela.
- Bela! dizia eu, como um sepulcro antigo.

- Bela! dizia eu, ágil como um jaguar,
assim me inspire o Fado e Satanás me deixe!
Bela! dizia eu, fria como o luar
sobre o dorso luzente e excepcional dum peixe.

Bela! dizia eu, como uma mesa lauta
para um festim pagão: a Forma, o Som, e a Cor.
Bela! dizia eu, como nocturna flauta,
desafiando, no mar, a ladainha - Dor.
[...]

Bela! como um espelho esférico, polido,
aonde colos nus luzem palidamente.
Bela! como o sentir a seda dum vestido
arrastar, como arrasta a cauda de serpente.

Bela! como o sorrir vermelho dum rainúnculo.
Bela! como uma flor aquática do Mar.
Bela! como na treva o brilho dum carbúnculo.
Bela! dizia eu, como um azul polar.

Bela! como a expressão das notas de Méhul.
Bela! como uma flor num muro de cadeia.
Bela! como a sonhar, sobre um divã azul,
fumando, perseguir a nebulosa Ideia.

Bela! dizia eu, como uma Feiticeira
da Tessália, evocando a ensaguentada lua.
Bela! como, no outono, a luminosa esteira
azulada e sem fim duma comprida rua.

Bela! como arrendado e flamejante altar,
onde se vão unir os corações dos noivos.
Bela! como o silêncio algente e tumular,
em que se escuta, ao fundo, o germinar dos goivos.

Bela! dizia eu... Mas nisto, sobre o leito,
em que cismava assim, voltou-se, levemente,
a invencível mulher que me inflamava o peito.
E os meus olhos no quarto erraram novamente.

22 de dezembro de 2008

Natal em Open Access

O Natal brindou-nos, hoje, com o livre acesso ao romance Equador de Miguel Sousa Tavares. Tal oferenda constitui uma iniciativa do grupo Digital Source (consultar Viciados em Livros).

Por cá, deixamos os nossos votos festivos e um excerto do autor supra citado incluso no livro Não te deixarei morrer, David Crockett:

«E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre».

16 de dezembro de 2008

Três Asnos a Caminho da Gato Vadio

Em vésperas de mais um evento consumista, de seu nome Natal, rumamos já no próximo Sábado, dia 20, pelas 21h30m, à Livraria Gato Vadio para a apresentação de mais um livro (vd. imagem).

Contamos com a presença de, pelo menos, três asnos, a saber: A. DaSilva O. (editor), Virgílio Liquito (autor) e Sílvia C. Silva (motivo a averiguar).

Por ora, deixamos um aforismo de Reinaldo Barata de Sôusa (que cremos irá integrar o Manifesto Improjectado, com edição prevista para 2009):


«Que se libertem das realidades, das fantasias, dos sonhos, das aberrações os resistentes. Há que lhes facilitar o acesso à centrifugadora e se transformem num mosto, no fervente ácido isento de preconceitos».

15 de dezembro de 2008

«Pegadas Sonâmbulas»

Em plena Serra da Freita, na companhia de Miguel Torga:
«Corremos o mundo fantasmagoricamente a deixar nele pegadas sonâmbulas».

11 de dezembro de 2008

Todos à Pasteleira!

Neste frenesim de eventos e corridas ao Pai Natal (se bem que «tá cada vez mais down o high society», como diria Rita Lee), fica o convite para o lançamento de Pasteleira City, 3.ª ed., da autoria de Raul Simões Pinto.

Segundo fontes anónimas, o evento terá lugar dia 12, ou seja amanhã, com início previsto para as 21h30m, no Auditório da Igreja da Pasteleira, Bairro da Pasteleira, Porto.

Apresentamos, desde já, as nossas desculpas aos potenciais leitores pelas gralhas que possam encontrar no corpo de texto e reiteramos que o estrangeirismo «serdinhada» (pág. 88, logo a seguir à fotografia do Sr. Almeida) não é da nossa responsabilidade. Gratos pela atenção e até lá!

«O Haver»

5 de dezembro de 2008

Festa da Poesia 2008


Matosinhos, «terra de mar, movimento e cultura», acolhe a 4.ª Festa da Poesia, que decorrerá nos dias 6, 7 e 8 de Dezembro, na Câmara e na Biblioteca Municipal Florbela Espanca.


Uma programação diversificada, tendo por mote a poesia, e que contempla performances teatrais, concertos, exposições, lançamento de livros, maratona de leituras, debates, entre outros.

Apareçam e bons coitos poéticos!

4 de dezembro de 2008

Tributo ao poeta iconoclasta

Após este doce interregno, soltamos de novo as pancadinhas de Molière, se isso for possível e audível em cenários virtuais.

Faz sentido prosseguir se atentarmos nas palavras do
poeta iconoclasta «escreve quando objectivamente tens algo a dizer» ou do doutorando catalão que advoga que se não escreves o que pensas porque pensas afinal?

Por vezes, torna-se obtuso transmitir o que quer que seja neste formato, ainda que atentando nos motes cartesiano e damasiano que premeiam o pensamento e o sentimento como alicerces da vivência humana.

A ciberrealidade transmuta-se a cada fracção de byte e de bit e por ora, prestamos o nosso tributo, qual ciberprovedor poiético, a A. DaSilva O.:

«Sou um Deus e Deus sabe disso
E como era frequente nos poetas
Gregos Homero imita
As minhas figuras poéticas
De Virgílio e eu
Adoro lê-los como Camões
Heterónimo
Através da câmara vídeo
Que lhe instalei no coração».

‘Esperança’, essa coisa de penas feita | Emily Dickinson

‘Esperança’, essa coisa de penas feita – Que assenta na alma – E trauteia a melodia sem quaisquer palavras – E nunca pára, de forma al...