30 de abril de 2009

Assim a gente não se entende!!!

Definitivamente, assim a gente não vai lá, com ou sem crise, com ou sem precariedade laboral, sem questionar o novo acordo ortográfico.

Assiste-se a uma espécie de «Triunfo dos Porcos» mas também no reino vegetal nem tudo vai bem. Neste caso, não é tanto a carestia da vida mas o preciosismo da crojete.

Na véspera do 1º de Maio, a malta constata que este anúncio pode mesmo ser perigoso pois este senhor afirma 'fasso tudos', claro está no ramo da pecheleria, electrita e massamentos de paredes [alguém sabe em que consiste esta nobre actividade?].

Mais adiante, e porque não sou sexista, uma senhora, obviamente com pouco taim, investe na limpesa ou pasa a ferro.


Convenhamos, não sei se esta senhora terá mais taim para extras mas que esta casa de banho de um hipermercado bem precisava de uma mãozinha, lá isso precisava!


29 de abril de 2009

Dia Internacional da Dança

«O lugar onde o desejo ousa fitar a morte»

Retratos de uma Sibila decadente (II)

Sabes, às vezes tenho saudades de mim, quando era mais doce e utópica, quando cheguei a pensar que tudo era possível... mas esqueci-me de mim e, agora, quando vejo um espelho temo-o, receio encará-lo e ver o reflexo do Nada.

E tu ali estavas, aparentemente sereno e sensato à guisa de novos talentos, de novas diversões e desafios que te devolvessem a noção emprestada mas gasta da juventude.

Sabes do que eu gostei mesmo? Daquele desenho em que me sinto Eu, os cabelos negros a repousar no sofá dos teus dedos e no teu olhar terno. Se te amasse diria que sou a tua mulher mas eu busco corpos para me saciar. Para mim, há corpos, não são seres, são corpos que busco para devassar a minha miséria, arrancar algum sopro de prazer e logo abandoná-los pois corrompem e sucumbem ao peso do tempo. Eu anseio pela leveza dos dias e das noites que me perseguem e invadem!

24 de abril de 2009


LIBERDADE

«...ergue-te, peço-te, e caminha de novo a meu lado...»

Retratos de uma Sibila decadente

E eu fui sincera, nunca me tinham dado um ovo de chocolate. Aliás, fiquei tão entusiasmada que, nessa noite, reli o artigo de S. Zizek sobre a identidade tal qual um ovo kinder. O que terias tu querido dizer? Que ando à deriva, sem definição identitária, que ainda não me encontrei? Nessa mesma noite odiei-te e devorei o ovo à procura do meu ser, da minha surpresa escondida e desmontada.

23 de abril de 2009

Dia do Livro e do Direito de Autor

Mais uma efeméride a assinalar: o livro e os direitos autorais.

Ler para viver é o mote!


16 de abril de 2009

Dia Mundial da Voz

Uma pesquisa sumária sobre a voz (humana) afere que se trata de uma característica humana intimamente relacionada com os processos de socialização, interacção e comunicação (cf. Wikipédia). A isto, Mia Couto poderia retorquir «de que vale ter voz, se só quando não falo é que me ouvem?». Já Bourdieu, o messias da sociologia europeia, apelava ao papel do sociólogo como ser comunicante e porta-voz dos oprimidos e dos silenciados pela panóplia de instrumentos de violência simbólica (vd. Lição sobre a Lição).

No espectro da poesia, citamos a Voz Activa de Miguel Torga (in «Diário XIII», 1983):

Canta, poeta, canta!
Violenta o silêncio conformado.
Cega com outra luz a luz do dia.
Desassossega o mundo sossegado.
Ensina a cada alma a sua rebeldia.


E A Voz que Nos Rasgou por Dentro de Nuno Júdice (in «Meditação sobre Ruínas»):

De onde vem - a voz que
nos rasgou por dentro, que
trouxe consigo a chuva negra
do outono, que fugiu por
entre névoas e campos
devorados pela erva?

Esteve aqui — aqui dentro
de nós, como se sempre aqui
tivesse estado; e não a
ouvimos, como se não nos
falasse desde sempre,
aqui, dentro de nós.

E agora que a queremos ouvir,
como se a tivéssemos re-
conhecido outrora, onde está? A voz
que dança de noite, no inverno,
sem luz nem eco, enquanto
segura pela mão o fio
obscuro do horizonte.

Diz: "Não chores o que te espera,
nem desças já pela margem
do rio derradeiro. Respira,
numa breve inspiração, o cheiro
da resina, nos bosques, e
o sopro húmido dos versos."

Como se a ouvíssemos.

15 de abril de 2009

A gif geek dialogue

- So, what's up bro'?

- Nothing special, just feeling a little tired or a geek...

- [Hum, I'm gonna to regret this] Any particular reason for that?

- Being a geek is destroying my life!

- [Grrr] Dude, you're no geek, you're a gif, get it?

- Are you sure? Uff... I'd better twitter this!

14 de abril de 2009

«Conheço cada vez melhor aquilo que
de mim se despede e não regressa»

«Hipólito: Monólogo Masculino sobre a Perplexidade»

Sinopse
Numa linguagem assumidamente brutal, crua e pornográfica, este texto trata, como o nome indica, do mito de Fedra - que envolve a sua "vítima" - Hipólito. Nas versões clássicas, a vitimização de Hipólito efectua-se através de uma lógica falocêntrica e falocrática, sendo Fedra o motivo feminino trágico, o elemento anómalo social e familiar. Neste Hipólito, Fedra, a imagem feminina que antes era ímpia, frágil e doente, surge aqui como uma mulher que se impõe, uma mulher que age e que ama: «Não percebo porque é que ninguém fala das mães pedófilas/Será que elas não existem/Elas são iguais aos homens mesmo no mórbido/Elas também podem matar/Podem atirar ao lixo/sem grande transtorno/as suas próprias progenituras ou então afogá-las/com dois dias de vida e congelá-las/É por isso que hoje sou feminista/Porque acredito na igualdade dos géneros/tanto na bondade como na crueldade». O discurso de Fedra não se inscreve no formato das clivagens entre os sexos, esta Fedra é uma madrasta contemporânea, com "vontade de amar o seu filho com as mãos" e de satisfazer o seu desejo nele. Assim, em vez de ouvirmos o relato de Fedra, o autor propõe que se oiça o relato da vítima que passará ao longo dos anos de abusos sexuais, a ser igualmente o predador, para castigar a "trindade" da casa: Teseu, Fedra e ele próprio.
A cena, habitada por um homem e uma criança, cria tensões físicas e um conflito visual, oscilando entre um sentido trágico e perverso e um sentido lúdico, que se confundem facilmente. No monólogo fala-se da infância, entre testemunhos da brutalidade de que foi vítima, do amor infantil para com a sua madraste e da confissão de um filho de pai ausente. O falso monólogo surge como uma manifestação e uma provocação no modo como o mito é reescrito, e é também uma homenagem ou uma recordação aos casos de pedofilia e de incestos que temos vindo a assistir nestes últimos anos, alimentando-se de um trabalho de patchwork de alguns depoimentos verídicos de vítimas.


COLECTIVO 84 - ASSOCIAÇÃO PENETRARTE

18 e 19 Abril 2009, 21h30

13 de abril de 2009

É essa uma velha farsa: possuímos o mundo e lamentamo-nos de que ele nos possua.

12 de abril de 2009

Labirintos de Serralves

Hoje, ao tentar atenuar a ingestão extremada de glicose, tomei uma decisão: vou deixar de ir a Serralves aos domingos de manhã! Não tenho nada contra a patuleia e as massas mas a populaça toda acorre a Serralves e nem dá para o engate, sequer para atentar demoradamente nas instalações e nas obras que por lá pululam.

Depois, há outra questão: apesar de as saídas de emergência estarem devidamente assinaladas, não foi ponderado na estrutura do edifício um outro tipo de saída, do género quando já estamos a avistar alguém que simplesmente não queremos cumprimentar e não há saída possível dado o estado labírintico da coisa. Atirar-me para o chão e fingir um ataque de epilepsia não é razoável, muito menos partir um vidro e saltar para o frondoso jardim, sequer a pretensão liliputiana de ter mirrado!

10 de abril de 2009

Hoje, não há real

Hoje, não há real.
Há a palavra,
há tão-somente o chão das palavras.

Onde terei começado a esquecer-me?
Quando me esquecerei de te esquecer?

9 de abril de 2009

Censura no Feminino

Para que conste nos anais da estória, neste arquivo blogueiro, mas não no repositório do YouTube, aqui fica o famigerado vídeo ainda sobre a famigerada polémica do quadro de G. Courbet, «A Origem do Mundo».



«Censura, O Eterno Feminino»

Produções Pulga Estúdios


Atenção: Segundo fontes não confidenciais, informamos que já se encontra a caminho do Museu d'Orsay uma equipa de capacetes roxos da frente da polícia bracarense.

Era necessária a intervenção da serpente: O Mal pode seduzir o homem, mas não pode tornar-se homem.

8 de abril de 2009

«Não é possível roubar à vida um corpo nocturno»

Corpos (Re)Mediados por Computadores

Ainda hesitaste quando te convidei para tomar um café pois tu preferias jantar arroz de pato. Mas tentei ludibriar-te e disse que levaria comigo a banda sonora da «Laranja Mecânica» e que iria vestida de preto e vermelho. Sorriste, pelo menos utilizaste um smiley com um esgar inquisitivo. Eu mal podia esperar pela grande abertura de William Tell de Rossini mas tu tinhas outros planos e eu tinha que ir para casa tratar dos meus animais. É que, e não leves isto a peito, rodeada de animais já estou eu e já não tenho paciência para doninhas fedorentas intrometidas e ressabiadas, prefiro conviver com a manha dos meus gatos e a obesidade do meu cão. E assim, foste embora e eu suspirei de alívio pelo serão não se ter prolongado para além do limiar da razoabilidade. Nunca mais procurei o que é virtual, nunca mais consegui aceder ao Hi5 com receio de te sentir o rasto. Ainda pensei apresentar-te a uma amiga minha mas ela gosta de animais assertivos, com auto-estima e menos deturpados por danos colaterais pelas vivências da realidade. Mas não fiques triste, mais cedo ou mais tarde encontrarás um novo dono, alguém que te ature, faça festinhas na cabeça e consiga conviver com as tuas paranóias. E a vida segue, real ou virtual, sem querelas terminológicas meu caro pois os academismos sobejam de fugacidade.

3 de abril de 2009

Corpos Mediados por Computadores

«E se o presente de hoje fosse a última noite do mundo?»
John Donne, Devotions upon Emergent Occasions

Lembro-me perfeitamente dessa noite, mais uma noite em que tinha por companhia o portátil, o wireless e as inúmeras ferramentas virtuais que me permitem, por instantes, apagar a minha existência (ir)real. O meu choque não é tecnológico mas sim afectivo!

E eu estava inquieta. Não sei mas havia algo que pairava como presságio. Algo me dizia que te ia encontrar, esgotar-te, sequer reter-te. Sabes, aquele acaso de Kundera, o acaso premeditado dos corpos que iludem outros corpos. E tu lá estavas, com os teus projectos, inquietações e dúvidas. Escutei-te ou melhor absorvi o que escrevias, tentando retorquir com algum brilhantismo mas já divagava e seguia as directrizes maternais «sê mais esperta e deixa o macho brilhar…». Tu achavas que eu estava deleitada a ler os teus pensamentos e teorizações mas eu tentava espreitar o episódio do «CSI» pois os técnicos forenses não estavam a assinalar devidamente as petéquias do principal suspeito. E depois convenhamos, não é fácil respirar num ambiente em que as janelas abertas confluem para o MSN, Gmail, Facebook, Ning, Mixxt, Twitter, Blip.fm, Blogspot, Orkut, Google Groups, YouTube,... Mas eu resistia, qual ciberguru poliglota, espartilhando-me em sugestões, blips, updates, comments, accounts, profiles, search, e sei lá o quê...

E ainda assim tive a ilusão de alcançar-te até sugerir o afamado «quando nos conhecemos pessoalmente?».

1 de abril de 2009

Os Teletubbies do Tube!!!

Recentemente, escrevi que há dias felizes... Hoje, porém, afigura-se-me que há dias estranhos! Mesmo na véspera do dia das brincadeiras, de bom e mau gosto, consulta-se o e-mail e eis que, para espanto, há uma repreensão por escrito e com a validade de seis meses para um dos vídeos realizados por Pulga Estúdios - «Censura, O Eterno Feminino», que tem como imagem de fundo o quadro de Gustave Courbet.

Gostaria de deixar as minhas palavras de apreço à comunidade de policiamento do YouTube. O meu reconhecimento ancora-se numa pletora de adjectivos mas confesso que a leitura da «História do Feio» está ainda nos primórdios.

Como tal, reproduz-se de seguida o e-mail recepcionado (advertimos os ciberleitores mais sensíveis que se encontra em Inglês), a contra-resposta endereçada (juridicamente traduzida) e a vídeo-reacção de Pulga Estúdios Team.


YouTube Video Notification

The following video(s) from your account have been disabled for violating the YouTube Community Guidelines:
Censura, O Eterno Feminino - (pulgaestudios)
Your account has received one Community Guidelines warning sanction, which will expire in six months. Additional violations may result in the temporary disabling of your ability to post content to YouTube and/or the termination of your account.
For your reference, a copy of this message has also been emailed to the address associated with this account.

Sincerely,
The YouTube Team


Reacção de Pulga Estúdios Team

Exmos. Senhores,

Vimos por este meio acusar a recepção da mensagem relativa à censura e rejeição (conteúdo impróprio) do vídeo «Censura, O Eterno Feminino» da Pulga Estúdios.
Antes de mais, gostaríamos de enquadrar a realização do vídeo no contexto português. Recentemente, uma feira do livro que teve lugar em Braga foi alvo de polémica e de denúncia do livro «Pornocracia» de Catherine Breillat por ostentar na capa o quadro de Gustave Courbet «A Origem do Mundo». Perante a denúncia, a polícia interferiu e apreendeu os exemplares à venda que, mais tarde, acabaram por ser restituídos.
Deste episódio da realidade portuguesa, surgiu a ideia de realizar um pequeno vídeo alusivo ao ocorrido, tendo como fundo a imagem do quadro supra referido («A Origem do Mundo» de G. Courbet) e que, segundo nos consta, continua exposto no Museu d’Orsay.
Perante isto, e tendo conhecimento dos termos de uso do YouTube, não encontramos motivos para que o nosso vídeo tenha sido rejeitado, na medida em que não veicula qualquer conteúdo pornográfico ou sexualmente explicito, sequer viola os direitos de autor no referente à obra de G. Courbet.

Atentamente,
Pulga Estúdios Team




«Também Tu(be)?»

(In)Suspeitos...

Pulga Estúdios prossegue a sua cruzada poética com novos episódios da série Violência Doméstica:

«Mundo de Pasta e Trapo»


«Ditosa Condição»

‘Esperança’, essa coisa de penas feita | Emily Dickinson

‘Esperança’, essa coisa de penas feita – Que assenta na alma – E trauteia a melodia sem quaisquer palavras – E nunca pára, de forma al...