29 de outubro de 2009

O Ciclo de Pulga Estúdios

Pulga Estúdios regressou parcialmente ao seu censor e está a plenos pulmões no Facebook, pela mão, mais uma, de Herberto Helder.



«Da Curva Sôfrega dos Teus Lábios»

28 de outubro de 2009

27 de outubro de 2009

A quiche e o arroz de pato

Algures num espaço
normalizado e estilizado pelos demais,
serve-se uma refeição frugal brutalizada pela condição artística e feminina – o famigerado arroz de pato, repasto de algozes temidos pela crítica aberta a todos mas sem inimigos e a saudosa quiche, apanágio de mulheres histéricas e absortas.


Estes dois pratos têm um denominador comum: a tua ausência e a minha teia. Nela consigo enredar fantasmas e ossadas que já nem tento sepultar. Talvez a minha mediocridade seja melhor do que a tua e nas duas mãos que rejeito há um papel: lê-se algures que definho! Primeiro assegura-te disso e depois não me procures pois eu nunca existi, sequer na tua sombra.

22 de outubro de 2009

Tempo para morrer como...

O filme «Morrer como um homem» de João Pedro Rodrigues encerra em si mesmo uma reflexão crítica sobre um conjunto de questões que transcendem a condição masculina/feminina do ser humano ou a querela entre identidade sexual/identidade de género.

Uma amálgama cruzada de papéis e valores, a estória de um travesti profundamente religioso e que, tendo vivido como uma mulher, a Tónia, tenciona morrer como um homem, o António Cipião. Curiosamente estas vivências radicam em esqueletos e fantasmas, comummente vivenciados por homens e mulheres ainda que em registos diferentes: o medo de envelhecer e de perder a juventude, e com esta a beleza; o receio da solidão; o egocentrismo; a busca do glamour e do fascínio; a preocupação com o desempenho do papel maternal/paternal, ainda que neste caso estejamos perante uma mãe biologicamente amputada e um pai socialmente ausente.

Musicalmente as escolhas foram muito felizes. Dois dos momentos mais poéticos são acompanhados pela sonoridade de António Variações, nomeadamente «Erva daninha a alastrar» e «Sempre ausente». Duas metáforas para viagens interiores e partilhadas, a que se acresce «Calvary» de Baby Dee.

O filme é rodado ao sabor de uma permanente caça aos gambuzinos, com alguns laivos de Almodóvar. Por fim, o abismo de um corpo já despojado de quaisquer adereços (lentes, perucas, lantejoulas, …), e que anseia pelo repouso na duplicidade de ter a seu lado o companheiro.

20 de outubro de 2009

Este é o meu sopro, o meu grito ao mundo!

Se as palavras para nomear o que é belo há muito definharam não resta mais do que o dever de sonhar sempre, uma e outra vez até ao infinito.

A estranha em mim subsiste, sem devaneios ou ilusões.

Avisei-te inúmeras vezes que crio e reproduzo – recrio a minha própria loucura e reproduzo as tuas palavras plenas de renúncias.

15 de outubro de 2009

Ideia do Imemorial | Giorgio Agamben

Quando acordamos sabemos por vezes que vimos em sonhos a verdade, clara e ao alcance da mão, de tal modo que ficamos totalmente dominados por ela. Umas vezes é-nos dado ver uma escrita cujo selo subitamente quebrado nos fornece o segredo da nossa existência. Outras vezes, uma só palavra, acompanhada de um gesto imperioso, ou repetida numa lenga-lenga infantil, ilumina como um relâmpago toda uma paisagem de sombras, devolvendo a todos os pormenores a sua forma reencontrada, definitiva.

No despertar, porém, embora nos recordemos de forma límpida, de todas as imagens do sonho, aquela escrita e aquela palavra perderam a sua força de verdade, e é com tristeza que as voltamos de todos os lados, sem conseguir redescobrir-lhes o encanto. Temos o sonho, mas, inexplicavelmente, falta-nos a sua essência, que ficou sepultada naquela terra à qual, uma vez despertados, deixámos de ter acesso.

A promessa que o sonho formula no próprio momento em que se dissipa é a de uma lucidez tão poderosa que nos entrega à distracção, de uma palavra tão completa que nos reenvia para a infância, de uma razão tão soberana que se compreende a si mesma como incompreensível.

13 de outubro de 2009


Cicatrizo na cidade cinzenta

Deambular pela urbe, no Porto, é esbracejar por entre cadáveres, inalar becos desnudados em busca do Novo. Não se sente o pulsar da cidade e os sons estridentes emanam da arena política… O resto sem tudo e com nada esvai-se em máscaras, em olhares e em gestos despersonificados, no que os teóricos nomeiam de despersonalização e anonimato.

Fazem-me falta as metáforas dramatúrgicas de Goffman para conseguir ascender ao desvio das normas que os arautos profetizam! Os falsos arautos da vivência societal pois, esta nada mais significa do que enfeudar-me em mim mesma a observar os fios metálicos da miséria que tocam os pássaros estonteantes!

Entretanto, a náusea avilta e tu desatas as feridas…

1 de outubro de 2009

Filo-Café: Viagens - de Lamego ao Titicaca

Teatro Ribeiro Conceição (Lamego)
2 Outubro 2009, 21-24h

Apresentação do livro: Geisers de Maria Estela Guedes
Concerto: Alexandra Bernardo / Alberto Augusto Miranda

‘Esperança’, essa coisa de penas feita | Emily Dickinson

‘Esperança’, essa coisa de penas feita – Que assenta na alma – E trauteia a melodia sem quaisquer palavras – E nunca pára, de forma al...