Para o homem moderno, a teodiceia é necessária, e ao mesmo tempo falha da forma mais miserável: o próprio Deus se acusa e se rebola, por assim dizer, na sua própria lama teológica, e é precisamente isso que dá ao nosso mal-estar a sua natureza inconfundível. O abismo sobre o qual vacila a nossa razão não é o da necessidade, mas o da contingência e da banalidade do mal. Não se pode ser, nem culpado nem inocente de qualquer coisa de contingente: pode apenas ter-se vergonha disso, como quando, na rua, escorregamos numa casca de banana. O nosso Deus é um Deus que se envergonha. Mas, tal como toda a relutância trai, naquele que a experimenta, uma secreta solidariedade com o objecto do seu desprezo, assim também a vergonha é o sinal de uma inaudita e tremenda proximidade do homem em relação a si próprio. O sentimento de miséria é o último pudor do homem frente a si próprio, do mesmo modo que a contingência - sob o signo da qual parece agora desenrolar-se docilmente toda a sua existência - é a máscara que encobre o peso crescente que causas unicamente humanas exercem sobre os destinos da humanidade.
Amálgama de palavras, sons e imagens em busca de dias sempre leves ou escreve um poema e bebe um copo que isso passa
‘Esperança’, essa coisa de penas feita | Emily Dickinson
‘Esperança’, essa coisa de penas feita – Que assenta na alma – E trauteia a melodia sem quaisquer palavras – E nunca pára, de forma al...
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A mesma folha. De um lado, analisar, do outro – eu. Mas o lado primeiro também eu. Outro eu. E o que vacila entre os dois lados (que não é ...
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Não me conformo com a ideia de vivermos aqui, cada noite ancorada num porto diferente... Quero uma casa. Preciso de ver pessoas. Quero volta...
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falaste? turvaste a água! é morte de homem? a que cheira então? isso que fede é o cheiro da injúria, da afronta da escória da memória. falas...