Desperto uma e outra vez e nada sinto. Ao longe vejo um corpo mover-se e arrastar-se e sigo a sombra mas quando devolvo o olhar sou eu e nada mais resta que assistir ao meu retorno. E se hoje eu escrevesse um poema? Leio e busco inspiração e gurus e fico fascinada com as palavras dos outros. Mas a minha voz não é audível, é um eco que perturba e suja o famigerado estado poético. Disseste que, um dia, eu ia perceber que tudo não passava de um gritante exercício de vaidade mas nessa fogueira eu não consigo arder, não há palavras e ânimos que me sustenham e elevem ao estado metafísico dos alquimistas. E nada regressa... penso mar e balbucio cal? Que lógica é esta de quem parte e não regressa, de quem se despede e se apresenta como um autor itinerante? Eu estou presa, arreigada a este corpo e não consigo, estou cansada, a volúpia dos dias rouba-me à vida e não regresso.
Amálgama de palavras, sons e imagens em busca de dias sempre leves ou escreve um poema e bebe um copo que isso passa
‘Esperança’, essa coisa de penas feita | Emily Dickinson
‘Esperança’, essa coisa de penas feita – Que assenta na alma – E trauteia a melodia sem quaisquer palavras – E nunca pára, de forma al...
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A mesma folha. De um lado, analisar, do outro – eu. Mas o lado primeiro também eu. Outro eu. E o que vacila entre os dois lados (que não é ...
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Não me conformo com a ideia de vivermos aqui, cada noite ancorada num porto diferente... Quero uma casa. Preciso de ver pessoas. Quero volta...
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falaste? turvaste a água! é morte de homem? a que cheira então? isso que fede é o cheiro da injúria, da afronta da escória da memória. falas...