O último post que publiquei ganhou vida e, de facto, não tive tempo para escrever a história do meu avô. A casa está mais vazia e as saudades apertam mas as memórias estão em mim!
Para quem não conheceu o avô Tone, ele adorava viver, sorrir, contar anedotas malandrecas e adivinhas, andar de bicicleta, beber o seu copito e, nos momentos de inspiração, cantar o fado! Não me esqueço da vez que fomos a Espanha e nos unimos, ele para beber e escapar à censura da minha avó, eu para fumar e escapar à censura dos meus pais. Depois, é também inesquecível a ida à Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Durante a viagem falou-me das suas façanhas sexuais e, quando o deixei para tratar de burocracias, lá foi contar anedotas para o bar dos alunos.
Uma amiga deu-me um texto no dia da separação física, do qual transcrevo o seguinte excerto:
A vida significa tudo o que sempre significou.
É a mesma que sempre foi.
Existe uma inquebrantável continuidade.
Devo eu, só por não ser visto, estar ausente do pensamento?
Estou à tua espera. Num intervalo.
Aqui bem perto.
Mesmo ao virar da esquina.
Por isso, avô, só podia rematar esta mensagem com uma adivinha e desculpa se estou a contar mal: estão duas mulheres na rua à chuva. Que horas são? Falta um quarto para as duas!
Até já avô.
Beijo imenso