29 de agosto de 2009

Para a Avó Celeste

Ainda ontem me tentaram confortar com as palavras de um filósofo indiano, de que a felicidade advém do curso natural da vida! De facto, a noção de morte entranha-se no meu percurso, com a perda recente do avô Tone e, agora, da avó Celeste. Os meus avós nunca foram educados para a manifestação ostensiva dos afectos mas, à sua maneira, demonstravam o seu carinho e preocupação. Aliás, tendo sido companheiros durante 62 anos, o meu avô tinha um modo peculiar de silenciar alguns arrufos conjugais: «mulher deixa para lá, eu gosto de ti!».

Recordo a minha avó como uma mulher de forte personalidade, trabalhadora, responsável, de palavra, altiva e amiga. Há episódios que retenho como a sua abertura aos novos tempos e costumes, nomeadamente ao nível das relações interpessoais; assim como a sua percepção do valor do conhecimento e da educação, sendo ela analfabeta, tanto mais que o dicionário de língua portuguesa que me tem acompanhado já havia sido por ela ofertado ao meu pai; também o primeiro computador que tive foi por ela oferecido, entre pasmo e cepticismo perante as potencialidades da máquina; durante a sua vida, foi uma mulher de negócios e mesmo na transição para o euro, com a ajuda do famigerado kit, a minha avó lá se adaptou e ninguém a enganava!

Avó recordo-a com muito carinho e já com imensa saudade, até das suas palmadas (era o método da Celeste aferir a manutenção do meu peso corporal e se eu emagrecia...).

Até já avó.
Beijo imenso

‘Esperança’, essa coisa de penas feita | Emily Dickinson

‘Esperança’, essa coisa de penas feita – Que assenta na alma – E trauteia a melodia sem quaisquer palavras – E nunca pára, de forma al...