3 de setembro de 2009

Retratos de uma Sibila decadente (VI)

Os corpos, esse fascínio pela corporeidade que, como um Carro de Jagrená, a impelia a pensar sexual e a agir carnalmente. Essas incursões na noite desgastavam-na e geravam cada vez mais dilemas morais. No seio familiar tinha sido tudo tão simples e fácil, que as suas tentativas insistentes de angariar mais corpos e sexos e alimentar-se da paixão fugaz não lhe permitiam... Ah, chega de juízos de valor, se se sentia atraída por alguém à primeira vista por que não demonstrá-lo? Se desejava alguém por que não haveria de concretizar esse desejo? Nada a impedia, a não ser a moralidade vigente na célula familiar e sem dúvida a hipocrisia dominante da sociedade patriarcal. E ela não se privava de nada, a não ser da sua própria existência pois sempre havia vivido em demasia a vida dos outros. Altruísmos? Não, a sensação egoísta de que ao viver a miséria dos demais esquecia momentaneamente a sua própria miséria. A do mundo, bem… não podia padecer de todos os males!

Lembras-te quando me davas a mão?

‘Esperança’, essa coisa de penas feita | Emily Dickinson

‘Esperança’, essa coisa de penas feita – Que assenta na alma – E trauteia a melodia sem quaisquer palavras – E nunca pára, de forma al...