25 de setembro de 2009

Tele-estupidez e ruralidade mental

«… é com certo espanto que no espelho da manhã / distraído diviso a cara que me resta»


Um momento, não se trata do poema «Muriel» de Ruy Belo, por nós já aqui guisado, mas sim do espanto com que, hoje de manhã, me deparei ao ler o Jornal de Notícias, designadamente o espaço referente aos Média: «’Telerural’ alvo de queixas».

Fico estupefacta quando as principais queixas recaem no facto da linguagem empregue ser conotada de «boçal» e «ofensiva». Pasmo tanto maior pois foi com o dinheiro dos contribuintes que o comediante ou seja lá o que for, de seu nome Fernando Rocha, fez currículo no canal 2 da RTP ao roçar o limiar da higiene e sanidade do legado de Camões com a linguagem mais grosseira, grotesca, rude, estúpida, idiota e ignorante a que tive a perda de tempo a assistir.

Não deixa de ser curioso também que, para validar, triangular e corroborar opiniões e argumentos, esta sociedade eleja a expertise como mote. Desta feita, cabe ao expert ou especialista em Televisão, de seu nome Rui Cádima, aferir que «o 'Telerural' não é um programa de serviço público, pois roça o mau gosto e é um bocado boçal».

De facto, sempre foi complicado fazer programas de humor em Portugal, ou porque não há talento, ou porque se fragilizam lobbies e instituições seculares ou porque se recorre à brejeirice…

Da minha parte, força rapazes, Quim Roscas e Zé Estacionâncio, e viva Curral de Moinas!

‘Esperança’, essa coisa de penas feita | Emily Dickinson

‘Esperança’, essa coisa de penas feita – Que assenta na alma – E trauteia a melodia sem quaisquer palavras – E nunca pára, de forma al...