14 de março de 2010

Considerandos felinos sobre a noite

Um achado, o livro Só à noite os gatos são pardos com textos inéditos de autores contemporâneos, um contributo para a Associação de Protecção Animal - Cantinho do Tareco.


Sonho muitas vezes que estou num telhado e que o corro dum lado para o outro até encontrar um buraco nas telhas e por aí entrar. Entro no forro do telhado, estou entre o tecto e as telhas, vejo-me perdido noutro mundo, num mar de ratos e ratazanas, escorrego nos seus dejectos, enredo-me nas teias de aranha, encho-me de pó, é pesadelo, mete medo, não sou capaz de sair e desato a miar, miar e aqui acordo, suado, o pelo irritado, mas acordo no meu velho sofá.

Ia para falar mais um pouco, agora sobre a noite que se aproxima e que é a mais bela fase do dia, mas não me apetece. Estou irritado comigo próprio. Vou lamber-me de alto a baixo e continuar a dormir. Pode ser que amanhã de manhã me apeteça falar sobre a noite que findou e que eu não soube aproveitar...


Cristina Carvalho, «Eu, gato, considerando vagamente sobre a manhã, a tarde e a noite»

‘Esperança’, essa coisa de penas feita | Emily Dickinson

‘Esperança’, essa coisa de penas feita – Que assenta na alma – E trauteia a melodia sem quaisquer palavras – E nunca pára, de forma al...