23 de junho de 2009

Ideia do Silêncio | Giorgio Agamben

Numa recolha de fábulas dos fins da Antiguidade lê-se este apólogo:

"Os Atenienses tinham por hábito chicotear a rigor todo o candidato a filósofo, e, se ele suportasse pacientemente a flagelação, poderia então ser considerado filósofo. Um dia, um dos que se tinham submetido a esta prova exclamou, depois de ter suportado os golpes em silêncio: 'Agora já sou digno de ser considerado filósofo!' Mas responderam-lhe, e com razão: 'Tê-lo-ias sido, se tivesses ficado calado.'"

A fábula ensina-nos que a filosofia tem certamente a ver com a experiência do silêncio, mas que o assumir dessa experiência não constitui de modo nenhum a identidade da filosofia. Esta está exposta no silêncio, absolutamente sem identidade, suporta o sem-nome sem encontrar nisto um nome para si própria. O silêncio não é a palavra secreta - pelo contrário, a sua palavra cala perfeitamente o próprio silêncio.

‘Esperança’, essa coisa de penas feita | Emily Dickinson

‘Esperança’, essa coisa de penas feita – Que assenta na alma – E trauteia a melodia sem quaisquer palavras – E nunca pára, de forma al...