Amálgama de palavras, sons e imagens em busca de dias sempre leves ou escreve um poema e bebe um copo que isso passa
26 de novembro de 2020
24 de novembro de 2020
Inquietudes covidárias II
- Quando recorrentemente acordas às 05h da matina e vês filmes ou séries forenses; se bem que o 'Assalto à Casa Branca' instigou-me a pegar em NERF's;
- Quando voltas ao ‘local do crime’, vulgo revisitas a
estação de metro de outrora;
- Quando ponderas perseguir pessoas com o devido distanciamento
e apenas dizer: 'olá, está tudo bem?'; ‘precisa de ajuda para ajustar a
máscara?’;
- Quando o pico do teu dia é colocar umas sapatilhas e
reciclar lixo;
- Quando acabas a jornada laboral e sais para comprar um
rissol ou croquete, na loucura um pastel de carne;
- Quando o que te diverte é observar os outros a comprar 'raspadinhas'.
Mas o ónus da questão é este: com o fim da pandemia, quantas
pessoas poderei agarrar, abraçar e beijar? É que por mim vai (quase) tudo a
eito!
E cientistas de todo o mundo, uni-vos, por favor! Para além desta famigerada vacina, há alguma réstia
de esperança de, sei lá, entre duas a três inoculações, domarmos a estupidez humana?!?
20 de novembro de 2020
Amanhã recomeçamos | David Mourão-Ferreira
Não me conformo com a ideia de vivermos aqui, cada noite ancorada num porto diferente... Quero uma casa. Preciso de ver pessoas. Quero voltar a sentir a terra debaixo dos pés. Quero deixar de ouvir o mar.
19 de novembro de 2020
Inquietudes covidárias
Em tempos de Covid, dou por mim a refletir nos seguintes issues:
- Quando viro as costas, estou a ser mal-educada ou a honrar as regras de distanciamento e etiqueta respiratória?
- Posso trabalhar de pantufas?
- Onde param as Testemunhas de Jeová?
- Qual o ponto de situação dos trabalhadores de sexo? O sexo é com máscara?
- No caso da inspeção de veículos, deve o ‘inspetor’ entrar no carro alheio?
- Porque é que os presidiários não usam máscara?
- Há regras nos assaltos? A forma mais segura ainda deve ser por esticão e a seguir higienizar o que foi roubado…
- Porque é que o Partido Comunista insiste em realizar o congresso?
- Porque é que os jogadores de futebol continuam a conspurcar (vulgo escarrar ou ‘escupir’) o relvado?
- Devo já comprar uma arca para armazenar as minhas vacinas anti-covid?
- Que é feito do Sócrates e da Cinha Jardim?
- O João Baião não envelhece?
- Um ciclista numa passadeira conta como peão?
- A terra ainda é redonda?
Sobre este natal também tenho algumas questões:
- Quando devo fazer a árvore de natal?
- O pai natal vai descer pela chaminé?
- Porque é que o jogo do Joker está esgotado?
Ainda assim, o verdadeiro mistério reside em perceber, como um certo dia, às dez e meia da matina tinha enfardado três bolinhos de bacalhau, mas como também já tenho mais dias de ‘prisão domiciliária’ do que o Ricardo Salgado, ‘it is normal’!
18 de novembro de 2020
‘Ninguém motiva
ninguém, ninguém se motiva sozinho…’
Paulo Freire
Tudo era mais simples e com menos solicitações.
Lembro os bancos da escola, o porta-moedas de prata da Professora,
o casaco de peles e o batom vermelho. Ficava fascinada e dizia: ‘um dia quero
ser assim’...
Recordo, ainda, a sofreguidão com que desfolhava o
dicionário de língua portuguesa e a alegria dos livros com cheiro a novo no
início de cada ano letivo! Ok, também gostava da sandocha (milimetricamente perfeita) de queijo e marmelada
da Avó Sílvia e do meu perfume em forma de ovo da ‘Avon’.
Eram as minhas referências. Mais tarde fui socorrida
pelo ovo Kinder e Slavoj Žižek.
Os sonhos de criança são simples ou parecem ser, para quem
cumpre o papel de outsider.
Hoje, é cada vez menos fácil crescer criança. Há atividades e mais atividades, há papéis e expectativas a mais e falta tempo para o essencial.
Por aqui, tenta-se cultivar o mote ‘tempo para ter tempo’ e
despir algumas roupagens.
Há tempo para (quase) tudo…. Descansar, brincar, estudar,
olhar para o teto, ver as estrelas, sorrir… No limite, aprender a aprender!
Obs: Fausto, há recados? E trabalhos de casa? A máscara já
foi para o lixo? E álcool gel, ainda tens? E o teste de matemática? Ops… ‘Tempo
para ter tempo’ e deixar o papel de mãe funcional…
16 de novembro de 2020
#Covid
Voltamos...
F. já tem 10 anos e tem sido um
companheiro ímpar, de viagens, partilhas e confinamento.
Nada mudou e tudo mudou nesta
última década, sobretudo a partir de 13 de março de 2020…
Muito ficou pelo caminho... A
presença do outro, os afetos, a partilha...
O que também começou com ânimo,
depois esmoreceu!
A par disso, a vida segue entre
mais e menos.
(+)
Consigo levar F. todos os dias à
escola e esperá-lo quando o avô o vai buscar...
Não gasto tempo a chegar a casa.
Poupo em máscaras, transportes, maquilhagem
e solas de sapatos.
(-)
Sinto saudades de abraçar e beijar
os meus Pais.
Sinto falta dos Amigos, de sair e
falar; do café da manhã; dos almoços partilhados; dos vestidos e saltos altos,
com perfume e make-up. Em casa até podemos ensaiar, mas nada é igual a nada…
Reconheço que fujo dos outros
quando caminho e mais parece que, ando a roubar, quando faço compras.
Não gosto de usar máscara e o mote
do ‘vamos ficar todos bem’ irrita-me solenemente pois não vamos nem estamos bem!
Mas isto são migalhas a par das vidas perdidas e do desgaste dos Profissionais de Saúde…
Este é o balanço! Entretanto, acho que me esqueci de fazer a pedicure...
‘Esperança’, essa coisa de penas feita | Emily Dickinson
‘Esperança’, essa coisa de penas feita – Que assenta na alma – E trauteia a melodia sem quaisquer palavras – E nunca pára, de forma al...
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A mesma folha. De um lado, analisar, do outro – eu. Mas o lado primeiro também eu. Outro eu. E o que vacila entre os dois lados (que não é ...
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falaste? turvaste a água! é morte de homem? a que cheira então? isso que fede é o cheiro da injúria, da afronta da escória da memória. falas...
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Não me conformo com a ideia de vivermos aqui, cada noite ancorada num porto diferente... Quero uma casa. Preciso de ver pessoas. Quero volta...