‘Ninguém motiva
ninguém, ninguém se motiva sozinho…’
Paulo Freire
Tudo era mais simples e com menos solicitações.
Lembro os bancos da escola, o porta-moedas de prata da Professora,
o casaco de peles e o batom vermelho. Ficava fascinada e dizia: ‘um dia quero
ser assim’...
Recordo, ainda, a sofreguidão com que desfolhava o
dicionário de língua portuguesa e a alegria dos livros com cheiro a novo no
início de cada ano letivo! Ok, também gostava da sandocha (milimetricamente perfeita) de queijo e marmelada
da Avó Sílvia e do meu perfume em forma de ovo da ‘Avon’.
Eram as minhas referências. Mais tarde fui socorrida
pelo ovo Kinder e Slavoj Žižek.
Os sonhos de criança são simples ou parecem ser, para quem
cumpre o papel de outsider.
Hoje, é cada vez menos fácil crescer criança. Há atividades e mais atividades, há papéis e expectativas a mais e falta tempo para o essencial.
Por aqui, tenta-se cultivar o mote ‘tempo para ter tempo’ e
despir algumas roupagens.
Há tempo para (quase) tudo…. Descansar, brincar, estudar,
olhar para o teto, ver as estrelas, sorrir… No limite, aprender a aprender!
Obs: Fausto, há recados? E trabalhos de casa? A máscara já
foi para o lixo? E álcool gel, ainda tens? E o teste de matemática? Ops… ‘Tempo
para ter tempo’ e deixar o papel de mãe funcional…