25 de março de 2009

Titubeando...

Na era da Web 2.0 e das inúmeras ferramentas e aplicações que, de alguma forma, visam confluir para uma Web semântica, apraz-me citar Tim Berners-Lee: «We are forming cells within a global brain, and we are excited that we might start to think collectively. What becomes of us still hangs crucially on how we think individually».

Como podem aferir através deste blogue, eu costumo titubear - vulgo usar o Twitter. E, ainda ontem, a propósito da entrevista a Paulo Querido, que (per)sigo via Twitter, fui questionada sobre as mais-valias desta ferramenta de comunicação designada como uma espécie de micro-blogue e que cultiva a nossa capacidade de síntese dada a limitação do conteúdo das mensagens publicadas pelo número de caracteres.

Desde 2007, momento em que comecei a usar esta ferramenta, deparei-me, desde logo, com algumas adversidades. Para além da delimitação das mensagens, nunca fui apologista dos termos empregues pois a designação de following e de followers sempre me deu a sensação de predador e de presa, acicatando o voyeurismo e a passividade que a Internet alimenta. No meu caso, em particular, também me deparo com algumas discrepâncias linguísticas, na medida em que os meus updates tanto figuram em Português como em Inglês. Depois, esta sensação de pertença e de inclusão em rede suscitam-me cada vez mais dúvidas. De facto, se eu quiser posso seguir o Barack Obama, o Narciso Miranda, o David Lynch e o David Fonseca. Mas em que é que isso contribui para a minha felicidade? E quem será que faz os updates destes senhores?

Por isso, quando me questionam sobre as finalidades do Twitter, julgo ser importante, antes de mais, atentar na rede por nós montada e no teor da informação partilhada. No meu caso, tenho acesso a eventos académicos e culturais, por vezes até a pormenores desses eventos que gostaria de presenciar mas dadas as contingências espaciais (nunca esquecer que a informação veiculada já está a ser filtrada por outrem e mediada pelo computador). Subjectivismos aparte, partilho causas, leituras, documentos, músicas, entre outros. Mas logo surgem as questões: para quê ou porquê partilhar? Também essa é uma questão pertinente para as relações e as redes de interacção presenciais. Cada um, nesta rede simbólica de trocas, online e/ou face-a-face, partilha o que quer em função das suas comunidades de interesses e de afinidades. Claro está que devemos manter o distanciamento crítico e, por vezes, dou por mim a pensar que qualquer dia passamos mais tempo a partilhar e a escrever o que estamos ou tencionamos fazer do que propriamente a fazer. Enquanto isso, vou titubeando em rede mas sem chegar a pormenores intimistas das minhas idas à casa de banho ou do que penso comer ao pequeno-almoço.

Gostaria ainda de ressalvar, nesta existência blended, a pluralidade das ferramentas e aplicações da Web 2.0 relacionadas com o Twitter. No index consultado, encontrei 72 resultados que podem visualizar aqui.

Como já dizia J. Orton, as pessoas são infinitamente cómicas e como tal, fica esta animação versando o nosso querido Twitter:


«Twouble with Twitters»

Fonte: www.youtube.com


Nota: À guisa de partilhas, revelo em primeira mão, ainda antes de titubear, que hoje, findos os deveres laborais, irei assistir à última película de Clint Eastwood, «Gran Torino», numa sala de cinema perto de mim!

‘Esperança’, essa coisa de penas feita | Emily Dickinson

‘Esperança’, essa coisa de penas feita – Que assenta na alma – E trauteia a melodia sem quaisquer palavras – E nunca pára, de forma al...